segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

A importância do cuidado espiritual na saúde – CF 2012

Geraldo Trindade – bacharel em filosofia

            A Campanha da Fraternidade neste ano de 2012 em sua 49ª edição vem colocar em realce o tema da saúde pública, que por sua vez evoca a temática do cuidado.
            “Cuidar” implica instantaneamente o descentralizamento em si para focar-se no outro. Esse é o princípio-ativo de toda e qualquer profissão; em especial, àquelas ligadas à saúde. Este cuidado não se limita somente ao aspecto fisiológico, mas perpassa os elementos afetivos, éticos, sociais e espirituais.
           O “cuidado” autêntico é marcado pelo amor e o expressa plenamente. Ele faz o outro sentir-se especial, implica o interesse pelo outro, pelo seu passado, pelo futuro e pela sua história. Faz o outro sentir-se seguro em suas mãos, aproxima-se dele, mesmo sabendo que não pode lhe oferecer a cura.
            A partir de então, vem a pergunta: “Qual a marca que deixamos em nossa vida e na vida daqueles com os quais nos relacionamos?” Essa busca de sentido é  um árduo caminho trilhado por todo homem e mulher.
            Toda pessoa vive em uma constante busca de respostas e explicações que lhe garanta o sentido da vida e das suas escolhas. Diante destas questões e problemas existenciais é preciso questionar: o cuidado da nossa saúde pública tem como finalidade e propósito apenas o cuidado da doença, esquecendo seu lado espiritual? (cf. SILVA, MJT. Espiritualidade como foco de atenção de enfermagem. 3º Congresso Brasileiro Nursing, 2005. Anais. São Paulo, 2005.)
            A espiritualidade deve ser cada dia mais buscada e valorizada na arte de cuidar, ainda mais em relação às pessoas adoentadas. Ela, a espiritualidade, possibilita um cuidado mais global do paciente, estabelecendo um círculo relacional rico entre equipe médica, paciente e família. Porém, o que se vê nos hospitais é um cuidado setorial, marcado pela especificação. Todo ser humano é um todo-integral, corpo e espírito, e isso não se ausenta quando este adoece. Mesmo que a esperança advinda de um processo espiritual pode não seja a cura do paciente, pelo menos propicia a ele o ânimo necessário para que batalhe pela sua melhora.
            Tendo feito essas considerações, o lema da CF 2012 “Que a saúde se difunda sobre a terra” (Eclo 38,8) é atual e pertinente. Faz-nos repensar todo um complexo que se foi estruturando no paciente como número e protocolo ao invés de focalizá-lo como sujeito. Por isso, os pontos que se seguem leva à percepção da espiritualidade e sua ligação íntima com a saúde e os procedimentos médicos:
  • O ser humano é um mistério aberto ao infinito e ao Absoluto, ou seja, à Deus.
  • O ser humano é constituído de corpo e alma, por isso toda e qualquer doença deve ser analisada e tratada tendo em vista a globalidade de cada homem e mulher.
  • O conjunto de experiências vividas influi decisivamente na forma como se enfrenta as enfermidades e adversidades.
  • A con-vivência natural e espontânea entre equipe médica – enfermagem e pacientes deve ser enriquecedora e profícua para ambas as partes em um enriquecimento mútuo.
  • As situações cotidianas que acarretam stress influem decisivamente na inteligência emocional e podem acarretar problemas na saúde.
  • O amor não é para ser direcionado em uma única direção, mas ao todo e à todos.
        Portanto, a espiritualidade no âmbito da saúde é ampla e pertinente. Daí a necessidade de todos os envolvidos nesta área não menosprezarem seu lado espiritual, sua relação pessoal e íntima com Deus, e, não descartar a experiência espiritual dos pacientes. É preciso que termos como: cuidar, respeitar, conviver, ser ético, envolver-se relacionarem-se diretamente com a espiritualidade; pois não se pode idealizar saúde com uma realidade abstrata e dissociada, mas como equação de diversas interações da vida.  À luz de Cristo, no espírito do bom samaritano, a Igreja sempre esteve presente na vida daqueles que se encontram debilitados, sendo que incentiva os seguidores de Cristo a realizarem ações que concretizem as obras de misericórdia e vida plena (cf. Jo 10,10), especialmente os mais necessitados, por isso ela exige a sabedoria e a ética samaritana para cuidar das pessoas.

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