Acompanhar a
RIO+20 é um dever de todo o cidadão
Geraldo Trindade – bacharel em
filosofia.
O mundo
voltará sua atenção para o Brasil nos dias 20 a 22 de junho de 2012. Não por
causa de algum evento de cunho esportivo ou religioso, mas pela reunião dos 193
países que compõem as Nações Unidas para a discussão de temas como o desenvolvimento
sustentável e o combate a pobreza. A cada 10 ou 20 anos realiza-se essas
conferências, que já ocorreram em Estocolmo (Suécia) em 1972, no Rio de Janeiro
– ECO-92 em1992, em Joanesburgo (África do Sul) em 2002 e agora presenciaremos
a RIO+20, que pretende lançar base para o mundo que queremos para o futuro e as
próximas gerações.
A Rio+20 é um impulso, um ânimo novo
na sustentabilidade da ação humana no mundo, que está tão predatória e
inconsequente. É preciso que se crie consciência e solidariedade para que os
desafios como poluição, extinção, aquecimento global, desigualdade, fome, desrespeito
à vida, educação básica de qualidade, mortalidade infantil sejam debatidos e
enfrentados com seriedade e boa vontade política.
De certo é que nesta conferência
dois temas dominem a discussão. Um deles, é a economia verde, tendo em
perspectiva a busca de um desenvolvimento econômico sustentável, não se
esquecendo da preservação ambiental. Tudo isso, passando, necessariamente, pela
erradicação da pobreza. Outro tema que surgirá nas discussões é a governança
global, já que é impossível pensar uma ação em favor do ambiente e da vida se
não for abraçada de modo global.
A importância deste temário se dá
quando nos damos conta de que estamos no esgotamento dos recursos naturais do
planeta Terra. Já se consumiu 1/3 de toda biodiversidade; 25% das terras estão
se desertificando; hoje 1 bilhão de pessoas passam fome; 40% da humanidade está
abaixo da linha de pobreza; somente 30% do esgoto gerado é tratado; por falta
de comida milhares de pessoas morrem por dia...
É preciso que a Rio+20 surta efeitos
concretos. É necessário que se mude a mentalidade e os padrões de consumo, que
se deixe de priorizar o lucro imediato, a acumulação de bens. “A terra possui o
suficiente para garantir a necessidade de todos os homens, mas não a ganância
de todos os homens.” (Mahtama Gandhi) O mundo está se tornando frágil e doente.
Caso continuemos nesse ritmo desenfreado de consumo de reservas naturais, de
consumo exacerbado, de desrespeito, o futuro nos reservará grandes perigos. É preciso
que se forje uma mentalidade de que somos uma única família humana e moradores
do mesmo planeta. Devemo-nos unir para gerar uma sociedade embasada no respeito
pela natureza, pelos direitos humanos, na justiça econômico-comercial e em uma
cultura de paz. É preciso aprender a respeitar e conviver com a natureza!
As palavras
de Lester Brow, presidente do Instituto para políticas da terra, ressoa como
uma profecia, que compete a esta geração transformar. “O tempo para se mudar de
estilo de vida passou. O futuro da humanidade depende, agora, em nos tornarmos
politicamente envolvidos e sermos os atores ativos a mover a economia mundial
em um caminho de progresso sustentável. A mobilização política e a contribuição
diária – em relação e tempo, como nos locomovemos e consumimos – será feito por
nossa geração, mas afetará a vida de todas as gerações futuras.”
Podemos
nos perguntar, o que tudo isso interfere em minha vida, em meu cotidiano, em
minha cidade... Simples, pensar globalmente e agir localmente. É preciso despertarmos
para as questões que afligem a humanidade tendo como paradigma de solução as
ações dos governos, dos grande conglomerados industriais; mas também a ação de
grupos menores, chegando até à ação individual. O que está em jogo são as
respostas às perguntas provocadoras e inquietantes: “Que futuro queremos? O que estamos sonhando para as gerações futuras?”
Por isso, acompanhar este evento da RIO+20 é um dever de cada cidadão e cidadã.