segunda-feira, 23 de abril de 2012


Acompanhar a RIO+20 é um dever de todo o cidadão

Geraldo Trindade – bacharel em filosofia.



O mundo voltará sua atenção para o Brasil nos dias 20 a 22 de junho de 2012. Não por causa de algum evento de cunho esportivo ou religioso, mas pela reunião dos 193 países que compõem as Nações Unidas para a discussão de temas como o desenvolvimento sustentável e o combate a pobreza. A cada 10 ou 20 anos realiza-se essas conferências, que já ocorreram em Estocolmo (Suécia) em 1972, no Rio de Janeiro – ECO-92 em1992, em Joanesburgo (África do Sul) em 2002 e agora presenciaremos a RIO+20, que pretende lançar base para o mundo que queremos para o futuro e as próximas gerações.
         A Rio+20 é um impulso, um ânimo novo na sustentabilidade da ação humana no mundo, que está tão predatória e inconsequente. É preciso que se crie consciência e solidariedade para que os desafios como poluição, extinção, aquecimento global, desigualdade, fome, desrespeito à vida, educação básica de qualidade, mortalidade infantil sejam debatidos e enfrentados com seriedade e boa vontade política.
            De certo é que nesta conferência dois temas dominem a discussão. Um deles, é a economia verde, tendo em perspectiva a busca de um desenvolvimento econômico sustentável, não se esquecendo da preservação ambiental. Tudo isso, passando, necessariamente, pela erradicação da pobreza. Outro tema que surgirá nas discussões é a governança global, já que é impossível pensar uma ação em favor do ambiente e da vida se não for abraçada de modo global.
            A importância deste temário se dá quando nos damos conta de que estamos no esgotamento dos recursos naturais do planeta Terra. Já se consumiu 1/3 de toda biodiversidade; 25% das terras estão se desertificando; hoje 1 bilhão de pessoas passam fome; 40% da humanidade está abaixo da linha de pobreza; somente 30% do esgoto gerado é tratado; por falta de comida milhares de pessoas morrem por dia...
            É preciso que a Rio+20 surta efeitos concretos. É necessário que se mude a mentalidade e os padrões de consumo, que se deixe de priorizar o lucro imediato, a acumulação de bens. “A terra possui o suficiente para garantir a necessidade de todos os homens, mas não a ganância de todos os homens.” (Mahtama Gandhi) O mundo está se tornando frágil e doente. Caso continuemos nesse ritmo desenfreado de consumo de reservas naturais, de consumo exacerbado, de desrespeito, o futuro nos reservará grandes perigos. É preciso que se forje uma mentalidade de que somos uma única família humana e moradores do mesmo planeta. Devemo-nos unir para gerar uma sociedade embasada no respeito pela natureza, pelos direitos humanos, na justiça econômico-comercial e em uma cultura de paz. É preciso aprender a respeitar e conviver com a natureza!
As palavras de Lester Brow, presidente do Instituto para políticas da terra, ressoa como uma profecia, que compete a esta geração transformar. “O tempo para se mudar de estilo de vida passou. O futuro da humanidade depende, agora, em nos tornarmos politicamente envolvidos e sermos os atores ativos a mover a economia mundial em um caminho de progresso sustentável. A mobilização política e a contribuição diária – em relação e tempo, como nos locomovemos e consumimos – será feito por nossa geração, mas afetará a vida de todas as gerações futuras.”
Podemos nos perguntar, o que tudo isso interfere em minha vida, em meu cotidiano, em minha cidade... Simples, pensar globalmente e agir localmente. É preciso despertarmos para as questões que afligem a humanidade tendo como paradigma de solução as ações dos governos, dos grande conglomerados industriais; mas também a ação de grupos menores, chegando até à ação individual. O que está em jogo são as respostas às perguntas provocadoras e inquietantes: “Que futuro queremos? O  que estamos sonhando para as gerações futuras?” Por isso, acompanhar este evento da RIO+20 é um dever de cada cidadão e cidadã.