segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Fazemos parte da nobre missão da Igreja


Geraldo Trindade – seminarista na Arquidiocese de Mariana

           





O mês de outubro como mês missionário toma novas perspectivas no contexto atual. A compreensão de missão sofreu mutações, ultrapassou a visão de que era uma ação específica de sacerdotes, religiosos que se dirigiam às terras estrangeiras para anunciar o “verdadeiro Deus”. Hoje, a missão se tornou um compromisso imperativo do batismo. É a passagem de uma fé intimista para uma fé madura, capaz de dar testemunho e de ir ao encontro dos que estão à margem da sociedade e da Igreja. “Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos.” (Jo 13,35)
         Em muitas de nossas comunidades não se precisa partir do nada para a evangelização. Têm-se uma tradição religiosa, mas é preciso partir do novo, do evento novo: Jesus Cristo. É preciso se encantar e transmitir o encanto a partir de Jesus, Deus encarnado.
        O tema da Jornada Mundial da Juventude “Ide e fazei discípulos entre todas as nações!” (cf. Mt 28,19) tem um caráter eminentemente missionário e o interessante é perceber que esta capacidade criativa missionária não está se centrando apenas no aspecto racional e reflexivo. O grande impulso está no re-pensar as posturas da Igreja frente aos desafios. Não se pode desperdiçar e anular as possibilidades de se falar de Deus em meio a um tempo que busca apagá-lo de nossas memórias e corações. É tempo de despertar para este novo kairós na Igreja! 
         O grande risco que se corre é acostumarmos de ser chamado missionário. Não se pode contentarmos em ser individualista e hedonista, a somente contemplarmos seus próprios feitos, méritos e capacidades. Aos poucos, sem perceber, essa atitude vai turvando a visão ante ao outro e ante à Deus, impedindo-nos de sermos audacioso e corajoso na vivência prática do Reino de Deus.
      É preciso superarmos as estruturas “normais” de evangelização para chegar à verdade do anúncio crístico, que se utiliza de muitas formas e maneiras para fazer-se conhecido como Caminho, Verdade e Vida. É preciso se espelhar em Jesus... É preciso ir aonde Ele iria... É preciso anunciar como Ele anunciaria. É preciso que sejamos também missionários dentro de nossas possibilidades, comprometendo-se com o Reino de Deus e com o nosso semelhante na alegria, na generosidade, no ardor de anunciar o Reino de Deus, que gera paz, verdade e amor. A plenitude dessa realidade não advém dos méritos de quem anuncia, mas do Espírito Santo que age, põe na boca as palavras, que predispõe almas e corações para a escuta da Boa nova. “Ide, portanto, e fazei que em todas as nações se tornem discípulos, batizando-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando a observar tudo o que vos ordenei. E eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos!” (Mt 28, 19-20)
          Iluminadoras são as palavras de Paulo VI: “ O mundo que, apesar dos inumeráveis sinais de rejeição de Deus, paradoxalmente procura entretanto por caminhos insuspeitados e que dele sente bem dolorosamente a necessidade, o mundo reclama evangelizadores que lhe falem de um Deus que eles conheçam e lhes seja familiar como se eles vissem o invisível (cf. Hb 11,27). O mundo reclama e espera de nós simplicidade de vida, espírito de oração, caridade para com todos, especialmente para com os pequeninos e os pobres, obediência e humildade, desapego de nós mesmo e renúncia. Sem esta marca de santidade, dificilmente a nossa palavra fará a sua caminhada até atingir o coração do homem dos nossos tempos; ela corre o risco de permanecer vã e infecunda.” (Evangelii Nuntiadi, 76)
      Somente dessa forma é que poderemos ser contribuidores na nobre missão da Igreja de desvelar ao mundo o encanto, o ideal e o projeto de Jesus. É preciso tornar-se caminhante na vida eclesial e assumir a nossa vocação missionária com convicção e certeza de que gastando a vida alcança-se a recompensa do Dono da Vinha, Deus.