quinta-feira, 14 de agosto de 2014

O legado da caridade de Dom Luciano Mendes

Geraldo Trindade

Após 8 anos de falecimento do arcebispo marianense Dom Luciano Mendes de Almeida, pode-se ter uma noção dos aspectos de sua vida que o torna apto a alcançar a honra do altares e passar a ser apresentado pela Igreja Católica como exemplo de santidade e modelo de fé em Jesus Cristo.
            A Congregação para a Causa dos Santos autorizou a abertura do processo para a canonização em nível diocesano, que vai ocorrer no dia 27 de agosto. O pedido enviado a Roma foi assinado por mais de 300 bispos brasileiros. Dessa forma, Dom Luciano passa a ser chamado Servo de Deus. Agora passa-se a analisar presumiveis milagres e ouve-se as testemunhas.
            Dom Luciano nascido no Rio de Janeiro no dia 5 de outubro de 1930 foi o primeiro bispo jesuíta no Brasil. Viveu sua vida segundo seu lema “Em nome de Jesus”. Era arcebispo de Mariana quando faleceu aos 75 anos de idade.  Exerceu funções de relevância, tais como participação em diversos sínodos em Roma, secretário geral (de 1979 a 1986)  e presidente (1987 1 1994) da CNBB. Fez parte do Conselho Permanente desta entidade de 1987 até sua morte. Atuou na Pontifícia Comissão Justiça e Paz, do Conselho Episcopal Latino-Americano e da Comissão Episcopal para a Superação da Miséria e da Fome.
            Mas, o grande legado deste bispo é a caridade. Caridade que a própria identidade de Deus porque “Deus é amor” (1 Jo 4, 16).  O amor que retratava beste grande homem pela caridade era a forma que ele encontrava de no cotidiano da vida experimentar das realidades celestes. Dom Luciano era um servo dos humildes, dos pobres, dos simples e dos marginalizados. Já no leito do hospital pediu: “Nãos esqueçam dos meus pobres” e por isso é chamado por muitos como “o pastor dos esquecidos”. Ele fazia os pequenos gestos e palavras serem carregados de suma importância, capazes de gerar conforto, consolo e alívio. Quando foi eleito presidente da CNBB lhe perguntaram como seria sua atuação. Ele mais uma vez demonstrou sua caridade, que provém de um coração próximo ao de Deus, capaz de sentir e ver a partir dos mais sofredores: “Peço a Deus atuar na conversão dos homens do egoísmo ao verdadeiro amor, sem conformismo e se  a impaciência dos violentos, para que as estruturas de convivência humana correspondam cada vez mais à dignidade dos filhos de Deus”. 
Sua presença discreta, e na maioria das vezes atrasada, era aguardada com ansiedade por todos, pois era “Dom Luciano que estava vindo”. Santos nos fazem esperar, pois não é qualquer dia que os encontramos vivos. Santos elevam nossos corações para Deus e os estende aos irmãos. Santos nos mostram como Deus age e cuida daqueles que são mal vistos e mal amados. Santos nos arranca de nosso comodismo e nos mostra uma lógica própria, pois é a lógica do amor misericordioso. Santos como Dom Luciano não são simplesmente homens, mas uma “imagem bonita de Deus” como uma vez Mons. Júlio Lancelotti descreveu o bispo marianense.